sábado, 7 de março de 2009

Viradas da vida 3

3. É preciso ir mais fundo para enchergar a tal luz.

Quase não dormiu, mas quando acordou, não estava cansado. Sabia que seria muito difícil, mas era simplesmente necessário ter aquela conversa.
Levantou da cama e tomou um banho rápido, apenas escovou os dentes, não tinha fome para tomar café. Chegou cedo no colégio, com o medo e a angustia crescendo desenfreadamente dentro de si. Respirar fundo era inútil; parecia-lhe que a qualquer momento o ar se negaria a encher o seu pulmão e ali mesmo ele cairia inerte.
“Calma, vai dar tudo certo” ele repetia para si mesmo. “Respire e inspire”.
Estava tremendo quando sua mão tocou a maçaneta da porta e a girou, lentamente, tentando adiar ao máximo aquele momento. Ele nunca chegava tão cedo da escola, estava uns bons 10 minutos adiantado. Sua mente estava vazia, sem idéias. Cedo demais, a porta se abriu, ele checou todo o lugar com o olhar, até que avistou: Víctor estava lá, no canto esquerdo, no fundo da sala, prendendo alguém contra a parede.
Aconteceu o que ele receava, o oxigênio protestava ao entrar no seu corpo, o chão foi descendo e ele caindo junto, aquela cena girava na sua mente, o ruído das conversas perturbava o seu cérebro, ele não queria pensar, raciocinar, não queria entender o que estava acontecendo. Suas pernas fraquejaram e perderam a força, foi preciso se apoiar na porta para não cair. A porta, os minutos de adiantamento, a insônia, a falta de apetite.
Tristeza tira o apetite, Victor havia tirado o seu apetite, provocando a sua chegada adiantada, o seu receio ao abrir a porta e a sua visão assustadora. Victor prendia Júlia contra a parede, mas ela não reclamava, apenas se fazendo de difícil, mas gostando da situação.
-Luís, o que há de errado com você? Está quase verde de tão pálido. –alguém perguntou, distante, mas ele não se preocupou em descobrir quem, menos ainda em responder. – Fale alguma coisa! Ande! Quer que eu te leve à enfermaria? –agora ele notou, era Juliana, grande amiga, mas que não pôde viajar com os outros. –Ah!-ela sussurrou seguindo o olhar do rapaz – Olha, eu já sei o que aconteceu nessas férias, venha, vamos conversar sobre isso!
O garoto a seguiu, contanto que saísse dali, que pudesse desviar seus olhos daquela cena.
-Lu, você não pode ligar pra isso.- Começou a amiga, ignorando as lágrimas que nasciam nos cantos dos olhos do rapaz.- Não guarde rancor dentro de si, eu sei que foi uma traição muito grande, mas todos nós sabemos que Víctor não é lá uma das melhores pessoas do mundo. Ele passa por cima de todos buscando o seu próprio bem.
-Mas nós éramos melhores amigos.
-Eu sei! E por isso você deveria ir falar com ele, tirar isso a limpo. Ele espalhou pra todo mundo que você era falso e duas caras, mas na verdade ele é quem está sendo, uma vez que é capaz de algo assim! Você acha que pode? Que consegue?
-Eu tenho que conseguir não é mesmo?- falou agora confiante, enxugando as lágrimas do rosto.
-Isso! E sobre a Júlia, ela não te merece!- Juliana lhe deu um abraço apertando e reconfortante, e saiu, deixando o só ao decidir o seu destino.

1 comentários:

Burguesinhas disse...

Nossa!!! O pior é que as vezes é assim mesmo, né... Um pequeno mal entendido vai virando uma bola de neve e se torna uma confusão enormeee. Estou curiosa pela continuação!!!

Beijos

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